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Deus é o Pai do Rock?


O anticristo foi a inspiração suprema do heavy metal, praticamente o único estilo musical a abordar o tema. Claro que o blues, com suas histórias das encruzilhadas e contratos assinados com o demo e os Rolling Stones com a música “Sympathy for the Devil”, já falavam um pouco do assunto, mas não com a força e a dedicação do metal.
E tudo começou com o Black Sabbath, banda inglesa da cidade industrial de Birmingham, que definiu os novos padrões de se fazer música pesada. A influência do tema veio do cinema. O baixista Geezer Butler ficou fascinado quando viu pessoas numa fila de cinema pagando ingresso para ficarem com medo, assustadas com um filme de terror. O nome do filme? Black Sabbath.
Então ele quiz fazer o mesmo, mas em vez de usar os filmes, usou a música. A letra da primeira música que dá nome à banda e o primeiro disco mostram todo o mal que o grupo queria expressar nas suas histórias.
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Black Sabbath – Black Sabbath, 1970 Letras (Uma forma grande e negra com olhos de fogo / Falando às pessoas os seus desejos / Satanás se senta ali e ele sorri / Olhando aquelas chamas que crescem e crescem / Oh não, Deus me ajude por favor!)
Com o sucesso do Black Sabbath, muitas bandas começaram a escrever sobre o ocultismo, inclusive o guitarrista Jimmy Page, do Led Zeppelin, que até comprou o castelo onde morou o mago Aleister Crowley. Do qual, dizem as histórias, Page e Ozzy Osbourne eram discípulos.
Depois, veio o Iron Maiden, que escreveu o disco “The Number of the Beast” baseado no livro do Apocalipse, da Bíblia. Ozzy Osbourne também continuou com o tema em sua carreira solo e até bandas como Deep Purple, Blue Oster Cult e Uriah Heep beberam da água “benta” do metal negro.
Mas foi no começo da década de 80, que o ocultismo veio com força total e várias bandas passaram a utilizaram a magia negra como tema para suas letras. São vários os exemplos, mas vou citar apenas algumas bandas que me influenciaram. Creio que a mais “maléfica” que surgiu foi o Venom. Esta banda, também inglesa da cidade de Newcastle, surgiu com letras explícitas e blasfêmias por todo o lado. Em 1981, eles lançaram o disco “Welcome to Hell” e no ano seguinte o disco “Black Metal” que deu nome a um novo movimento musical.
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Venom – Black Metal, 1982 – Letras (Negra é a noite, metal, nós lutamos / Amplificadores potentes prontos para explodir / Energia gritando, magia e sonhos / Satanás grava a primeira nota)
Na mesma linha, vieram bandas como Hellhammer, Celtic Frost, Mercyful Fate, Kreator, Destruction, Sepultura (primeira fase), Krisium e Slayer.
O Slayer, banda norte-mericana de thrash metal, escreveu temas magistrais, pesados e sangrentos como por exemplo o clássico “Reign in Blood”, música de mesmo nome do álbum lançado em 1986.
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Slayer – Reign in blood, 1986 – Letras (Chovendo sangue / De um céu lacerado / Sangrando o seu horror / Criando a minha estrutura / Agora eu devo reinar em sangue)
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Mercyful Fate – Evil – Letras (Eu nasci no cemitério / Sob o sinal da lua / Puxado de minha sepultura pelos mortos / Fui feito mercenário / Nas legiões do inferno / Agora sou o rei da dor, eu sou um louco)
Muitas outras gerações de músicos acabaram utilizando esta forma de poesia, que combinou muito bem com as guitarras pesadas, baterias ultra rápidas e vocais guturais. Bandas, que com o passar do tempo, fizeram um som cada vez mais extremo e agressivo.
A região gelada da Escandinávia, mais precisamente na Noruega, mostrou um metal que ultrapassou os limites da ficção e da arte. Bandas como Mayhem, Immortal, Darkthrone, Emperor, Burzum levaram o satanismo à sério. Algumas delas tornarem-se bandas fundamentalistas e levaram a crença nos temas das letras a um nível absurdo.
Mayhem – Carnage - Winds of war, winds of hate / Armageddon, tales from Hell / The wage of mayhem, the wage of sin / Come and hear, Lucifer sings (Ventos da Guerra, ventos do ódio / Armagedon, contos do inferno / A onda de mutilação, a onda do pecado / Venha e escute, Lucifer canta)
Alguns músicos realmente acreditavam ser anjos do mal ou até mesmo o próprio Satanás em pessoa. As consequências desta estupidez foram igrejas queimadas, brigas e, infelizmente, assassinatos. Um exemplo disso é a morte do músico Euronymous, integrante das bandas Burzum e Mayhem. Ele foi assassinado por seu colega de Burzum Varg Vikernes (na foto abaixo), em 1993, por “diferenças ideológicas”.
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Fonte: Título original, “ Anticristo Superstar” por Andreas Kisser,guitarrista do grupo Sepultura, Yahoo! Brasil 2009.
Introduziu-se nos círculos evangélicos a idéia de que Deus é o pai do rock, e que os ritmos são independentes das influências espirituais. Bem, o autor da matéria que é musico profissional secular, portanto livre de qualquer inferência religiosa, prova que essa informação não é verdadeira. Como todo o resto, a influência espiritual se revela em tudo que cerca a vida humana e a musica não poderia ficar de fora dela. O que sinceramente vejo nesses “crentes” é que antes de mais nada eles são crentes em si mesmos, suas opiniões e desejos e que não querem abrir mão de seus direitos por nada nesse mundo. Como sempre gostaram desse estilo de musica, depois que aceitaram esse “Jesus pop”, inseriram seu estilo musical predileto no âmbito da vontade de Deus. O que admiramos revela muito a nosso respeito e isso vale também na musica, nos mostrando sobre que natureza de fé esses crentes professam.

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